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Empreendedor em Foco: Perfil e Tendências

Anualmente é constituída uma média de 200 mil empresas no estado de São Paulo. Se fosse um país da Europa, o estado de São Paulo estaria na sexta posição no ranking de aberturas de empresas em países europeus, ficando atrás de nações empreendedoras como Itália, Espanha, França, Alemanha e Reino Unido. Todo ano são acrescentadas à economia paulista mais empresas do que em muitos países da Europa como, por exemplo, Holanda, Suécia e Dinamarca, países com renda per capita elevada, que juntos somaram 118 mil novas empresas em 2006, contra 133 mil no estado de São Paulo. Os números de abertura de empresas paulistas também são o dobro dos reunidos por Dinamarca, Noruega e Finlândia, países nórdicos que possuem mais que o dobro da nossa renda per capita.
 
Além de registrar um mercado expressivo de novos negócios, o estado de São Paulo também reúne o perfil do novo empreendedor brasileiro que está cada dia mais qualificado e, portanto, mais exigente na identificação de uma oportunidade de negócio e na condução de uma empresa.
 
Pesquisas do Sebrae-SP registram o perfil e as tendências destes novos líderes de negócios que se configuram a cada dia na economia brasileira. Os dados evidenciam, entre outras coisas, um aumento expressivo na escolaridade e qualificação deste empreendedor, assim como os motivos que o levaram a abrir sua empresa: há 10 anos, a cada duas empresas que eram abertas por oportunidade, existia uma por necessidade. Hoje, esta proporção já é de 3×1, ou seja, 77% dos empresários ouvidos na pesquisa, em 2007, disseram que abriram a empresa por ter identificado uma oportunidade de negócio.
 
Perfil e Tendências
 
1. Setor de atividade
Por setor, mais da metade das empresas constituídas entre 1995 e 2007, no estado de São Paulo, pertence ao comércio. Em termos setoriais, deve-se destacar, também, o expressivo crescimento da participação do setor de serviços nas constituições de empresas. Em 1999, as empresas de serviços representaram 27% das empresas constituídas. No período de 2003 a 2007, este número subiu para 38%. A projeção para 2015 é que o setor terciário concentre a maioria dos negócios abertos no estado de SP – comércio (50%) e serviços (37%) – com uma tendência ao crescimento da participação das empresas de serviços na economia.
 
2. Escolaridade
A maioria dos empreendedores tem pelo menos o ensino médio. Adicionalmente, o nível de escolaridade apresentou forte elevação ao longo do tempo: entre 1995 e 1999, 64% dos novos empresários tinham pelo menos o ensino médio. Entre 2003 e 2007, esse índice aumentou para 79%.
 
3. Motivos para abrir a empresa
O principal motivo para abrir uma empresa é o desejo de ter um negócio próprio, citado por 40% das pessoas que abriram empresas entre 2003 e 2007.
Em paralelo à melhora no crescimento econômico, uma maior proporção de empreendedores considerou que um dos motivos para abrir a empresa foi o fato de ter encontrado uma oportunidade de negócios (perceberam um nicho de mercado em potencial). De 2000 a 2003, 64% consideravam ter encontrado uma oportunidade, ante 77% entre 2003 e 2007.
 
4. Faixa etária
Quanto à faixa etária, cerca de três quartos dos novos empreendedores estão na faixa de 25 a 49 anos. A participação dessa faixa etária permaneceu constante ao longo dos 12 anos de monitoramento. Outro destaque é o fato de que empreendedores até 24 anos de idade passaram de 6% entre 1995 a 1999 para 12% entre 2003 e 2007.
 
5. Gênero
Quanto ao gênero, o empreendedor é, em sua maioria, masculino: 64% dos que abriram empresas entre 2003 e 2007 eram homens. Pode-se observar um aumento na participação das mulheres ao longo do tempo: 32% entre 1995 e 1999 para 36% entre 2003 a 2007.
 
6. Uso de recursos para abertura da empresa
Embora a grande maioria dos empreendedores utilize recursos próprios para a abertura da empresa, aumentou o percentual de empreendedores que utilizaram empréstimos bancários para essa finalidade: entre 1997 e 2001, 6% dos empreendedores usaram empréstimos em bancos. Entre 2003 e 2007, foram 12%.
 
A promoção do empreendedorismo passa, entre outras coisas, por garantir a sustentabilidade desse contingente expressivo de empresas, abertas nos últimos anos.  Hoje, o estão de São Paulo já concentra 1,7 milhões das 5,5 milhões de micro e pequenas empresas do país. Nesse sentido, conhecer as características dos proprietários desses negócios pode auxiliar a formulação de políticas de incentivo ao empreendedorismo e de apoio a micro e pequenas empresas, que representam mais de 98% das empresas constituídas formalmente.
 
“Em geral, percebemos um aumento na qualificação do empreendedor ao longo do tempo, por exemplo, por meio de maior escolaridade e motivação para empreender. Nesse sentido, o desafio é atender às demandas desse público, gerando produtos e serviços que atendam suas exigências, que tendem a ser cada vez maiores. Outro tópico que deve ser destacado são fatores ligados ao ambiente para empreender, como a questão do financiamento dos empreendimentos, desburocratização, tributação e compras governamentais”, comenta Ricardo Tortorella, diretor superintendente do Sebrae-SP.

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